A segunda edição da FIM será realizada inteiramente online de 10 a 17 de novembro de 2020. Prepare-se!
FIM20 celebra o centenário da escritora Clarice Lispector nas sessões de abertura e encerramento
A FIM acredita no potencial do cinema para inspirar trajetórias, combater estereótipos e consolidar novos pensamentos a partir da maior presença feminina dentro e fora das telas.
A edição 2020 do Festival celebra o centenário do nascimento de uma das escritoras mais emblemáticas da nossa literatura, Clarice Lispector, apresentando nas sessões de abertura e encerramento dois filmes inspirados na sua obra, que mostram o poder da narrativa feminina na literatura e cinema.
Clarice Lispector é considerada no mundo da arte uma das mais importantes autoras brasileiras do século 20 e a mais influente escritora judia desde Franz Kafka. Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, tanto como escritora, retratando o fluxo de consciência de seus personagens de forma tão intrínseca que seu segundo romance foi identificado com o existencialismo de Jean-Paul Sartre; além de estudante de Direito, jornalista, tradutora e revisora (suas primeiras ocupações no meio literário).
Clarice faleceu na véspera de seu 57º aniversário, em 9 de dezembro de 1977. Dezembro de 2020 seria o mês de seu 100º aniversário.
Nascida na Ucrânia, criada e naturalizada brasileira (veio para o Brasil aos 2 anos e nunca se considerou do Leste Europeu), Clarice foi uma mulher transgressora, expoente do modernismo na literatura brasileira e no cenário intelectual de sua época, sendo comparada para James Joyce e Virginia Woolf.
No romance de estreia, aos 23 anos, foi aclamada pela crítica com Perto do Coração Selvagem (1943), pelo qual foi premiada com o Melhor Romance de Estreia de Graça Aranha
Fundação no ano seguinte à sua publicação. Além disso, ao longo de sua carreira, Clarice recebeu o Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1961), dois Jabutis (1961 e 1978, postumamente) e a Ordem do Mérito Cultural (2011).
Para celebrar a sua vida e prestigioso trabalho, a segunda edição do FIM - Festival Internacional de Cinema Feminino apresenta, nas suas sessões de abertura e encerramento, duas longas-metragens inspiradas no seu universo lírico, em que nenhum gesto ou acontecimento é irrelevante.
A sessão de abertura traz Hora da Estrela (1985), em dupla homenagem, tanto a Lispector e seu penúltimo romance, quanto à diretora Suzana Amaral, falecida em junho deste ano. Suzana foi indicada ao Urso de Ouro no Festival de Berlim (1986) por seu trabalho. O filme também ganhou o Festival de Cinema de Havana (1986) como Melhor Filme e o Festival de Brasília nas categorias Melhor Filme, Diretor, Ator (José Dumont), Atriz (Marcélia Cartaxo), Fotografia (Edgar Moura) e Editor (Idê Lacreta).
Narrando a descoberta do amor entre uma professora do ensino fundamental e uma professora de filosofia, e agendada para a sessão de encerramento do festival, Livro das Delícias (2020), de Marcela Lordy, é uma adaptação do romance Uma Aprendizagem ou O Livro do Prazer, publicado por Clarice em 1969.
As personagens femininas concebidas por Clarice refletem além de seu tempo, inspiram releituras e influenciam novas gerações de escritores, cineastas e artistas de diversos estilos. Em 2020, o festival comemora o centenário da escritora e suas conexões com o protagonismo feminino dentro e fora das telas.
Para além destas sessões, a FIM20 irá também promover, através das suas atividades formativas, encontros e debates sobre o legado da autora, as suas múltiplas e complexas personagens femininas e as correlações entre a literatura de Clarice e o universo cinematográfico. Acompanhe a FIM nas redes sociais e confira o calendário completo em breve.
Viva Clarice!