O FIM20 celebra o centenário da escritora Clarice Lispector em sua abertura e encerramento
O FIM acredita no poder do cinema de inspirar trajetórias de vida, combater estereótipos e consolidar novos imaginários a partir da maior presença de mulheres em tela e atrás das câmeras.
Nesta edição, o Festival celebra centenário de nascimento de uma das escritoras mais emblemáticas da nossa literatura, Clarice Lispector, apresentando nas sessões de abertura e encerramento dois filmes inspirados em sua obra, que evidenciam a potência narrativa das mulheres na literatura e no cinema.
Clarice Lispector é considerada no meio artístico um dos autores brasileiros mais importantes do século 20 e a escritora judia mais influente desde Franz Kafka. Foi uma mulher à frente do seu tempo, tanto como escritora, reproduzindo o fluxo de consciência de seus personagens tão intrinsecamente que seu segundo romance foi identificado com o existencialismo de Jean-Paul Sartre; quanto como estudante de Direito, profissional do jornalismo, tradutora e revisora (suas primeiras ocupações no ambiente da literatura). Clarice faleceu às véspera de seu aniversário de 57 anos, em 9 de dezembro de 1977 e, em dezembro de 2020, completaria 100 anos.
Nascida na Ucrânia, mas criada e naturalizada brasileira (chegou aqui aos 2 anos de idade, nunca se considerou do Leste Europeu), Clarice era uma mulher transgressora, expoente do modernismo na literatura brasileira e da cena intelectual de seu tempo, comparada a James Joyce e Virginia Woolf.
Já em sua estreia no romance, aos 23 anos, obteve sucesso de crítica com Perto do Coração Selvagem (1943), pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Romance de Estreia pela Fundação Graça Aranha no ano seguinte a sua publicação. Além dele, ao longo de sua carreira Clarice foi agraciada com o Prêmio Carmem Dolores Barbosa (1961), dois Jabutis (1961 e 1978, póstumo) e a Ordem do Mérito Cultural (2011).
Para celebrar sua vida e prestigiada obra, a segunda edição do FIM - Festival Internacional de Mulheres no Cinema apresenta em sua abertura e encerramento duas produções inspiradas em seu universo lírico, em que nenhum gesto ou acontecimento é insignificante.
A sessão de abertura do Festival traz a exibição de A Hora da Estrela (1985) fazendo uma dupla homenagem: tanto a Lispector e seu penúltimo romance quanto à diretora Suzana Amaral, que faleceu em junho deste ano. Suzana foi indicada ao Urso de Ouro no Festival de Berlim (1986) pela obra. A produção ganhou ainda o Festival Internacional de Havana (1986) como Melhor Filme e o Festival de Brasília nas categorias Melhor Filme, Diretora, Ator (José Dumont), Atriz (Marcélia Cartaxo), Fotografia (Edgar Moura) e Montagem para Idê Lacreta.
Narrando a descoberta do amor entre uma professora do ensino fundamental e um professor de filosofia e programado para a sessão de encerramento do festival, O Livro dos Prazeres(2020) de Marcela Lordy é uma adaptação do romance Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, publicado por Clarice em 1969.
Os personagens femininos criados por Clarice ecoam para além do seu tempo, inspiram releituras e influenciam até hoje gerações de escritoras, cineastas e artistas de várias linguagens. O Festival celebra em 2020 o centenário de nascimento da escritora e suas conexões com o protagonismo feminino em tela e atrás das câmeras.
Além das sessões de abertura e encerramento, o FIM20 promoverá ainda, por meio do seu programa formativo, encontros e debates sobre a obra da autora, suas múltiplas e complexas personagens femininas e as correlações entre a literatura de Clarice e o universo cinematográfico. Siga o FIM nas redes e confira em breve programação completa.
Viva Clarice!