Premiação e “Paraíso Perdido“ encerram primeira edição do FIM
A cerimônia de premiação e a exibição de “Paraíso Perdido”, novo filme de Monique Gardenberg, encerraram a primeira edição do FIM - Festival Internacional de Mulheres no Cinema. De 4 a 11 de julho, o festival exibiu longas-metragens dirigidos por mulheres e promoveu encontros, debates e um programa formativo focado no protagonismo feminino.
A cerimônia de encerramento aconteceu nesta quarta-feira (11) no Cinesesc e revelou os premiados das duas mostras competitivas, escolhidos por júri popular. Na competição nacional, o ganhador foi “Slam: Voz de Levante”, de Roberta Estrela D’Alva e Tatiana Lohmann, que retrata a cena dos poetry slams, batalhas poéticas performáticas.
“A gente está prestes a lançar o filme no circuito comercial e receber o prêmio do público é um grande axé”, afirmou Tatiana, antes de Roberta dedicar o troféu à dona Marinete Lima, que aparece no filme, e apresentar um slam ao vivo para a plateia.
Na competição internacional, o vencedor foi “Tesoros”, de María Novaro, representante do México. A diretora enviou uma mensagem que foi lida por Lídia Damatto, da Figa Filmes: “Fiz este filme para os meus netos, as crianças do México e as crianças do mundo”, disse o texto. “Um outro mundo é possível. Temos que lutar por um futuro melhor.”
Os dois filmes ganharam um prêmio de R$ 15 mil cada.
Já um terceiro prêmio, o da crítica, foi entregue por Barbara Demerov e Isabel Wittmann, que junto com Luiza Lusvarghi formaram o júri Elviras, nome do coletivo de mulheres críticas de cinema no Brasil. As juradas avaliaram os filmes das mostras não competitivas, Lute Como Uma Mulher e O Fogo que Não se Apaga, e premiaram “Lampião da Esquina”, de Lívia Perez. O documentário conta a história do Lampião, jornal criado em 1978 que, em plena ditadura militar, retratava o ponto de vista dos homossexuais.
Lívia disse estar duplamente feliz por ganhar um prêmio em um festival dedicado às mulheres e por ele ter sido entregue pelo coletivo Elviras. “É muito importante que a gente esteja aqui fazendo trocas, discutindo”, afirmou a cineasta, que dedicou o troféu às mulheres lésbicas e bissexuais, ainda pouco representadas pelo cinema.
A cerimônia de encerramento também contou com a presença de Rosana Cunha, gerente de ação cultural do Sesc São Paulo; da idealizadora e diretora do FIM, Minom Pinho; da também diretora do FIM Zita Carvalhosa; e de Carolina Gomes, da área de marketing da Avon, que apresentou os projetos contemplados pelo FAMA - Fundo Avon de Mulheres no Audiovisual, iniciativa da empresa com foco na equidade de gêneros no setor audiovisual brasileiro.
Carolina afirmou que 470 projetos de 15 estados foram inscritos na primeira chamada do FAMA, sendo 52% de documentário e 48% de ficção. Além disso, 69% das realizadoras se definiram como brancas, 12% como negras e 19% não preencheram a informação.
Os projetos contemplados foram: “A Primeira Morte de Joana”, de Cristiane Oliveira; “Cidade do Funk”, de Sabrina Viana Fidalgo da Silva; "Cais", de Safira Moreira dos Santos; “Daqui de Dentro”, de Larissa Ribeiro Bezerra; e “Minha Fortaleza, os filhos de fulano”, dirigido por Tatiana Lohmann. O júri foi formado por Celia Catunda, Francine Barbosa, Malu Andrade, Minom Pinho e Patrícia Durães.
Encerrando a noite e o festival, Monique Gardenberg e sua equipe apresentaram “Paraíso Perdido”, que conta a história de uma família dona de uma casa de shows musicais em São Paulo. A diretora definiu o trabalho como “um filme de afeto”: “É um manifesto amoroso contra o ódio, a homofobia, o preconceito.”
O dia do festival também contou com a masterclass de Barbara Sturm sobre distribuição cinematográfica e o bate-papo das diretoras Amanda Kamanchek e Fernanda Frazão com o público após a exibição de “Chega de Fiu Fiu”.
O FIM é uma iniciativa da Casa Redonda realizada em parceria com a Associação Cultural Kinoforum, com o apoio do Sesc São Paulo e do Grupo Mulheres do Audiovisual Brasil. É patrocinado pela Avon por meio do FAMA - Fundo Avon de Mulheres no Audiovisual.